Solha é autor de várias peças teatrais, sendo responsável pela montagem de algumas delas. Também é dele a autoria dos versos da Cantata pra Alagamar, do maestro José Alberto Kaplan, gravação de Marcus Pereira (1979), e do libreto da ópera Dulcinéia e Trancoso, de Eli-Eri Moura, apresentada no festival Virtuosi, em Recife, e pela Orquestra Neojiba em Salvador e Roraima.


Publicou os livros de poesia Trigal com Corvos (Prêmio João Cabral de Melo Neto/UBE, 2005) e Vida Aberta (Finalistas do Jabuti, 2020), e os romances A Batalha de Oliveiros (Prêmio INL/1988), Relato de Prócula (Bolsa de Incentivo à Criação Literária da Funarte, 2007/Prêmio João Fagundes de Menezes – UBE Rio, 2008) e História Universal da Angústia (Finalista do Jabuti, 2006/Prêmio Graciliano Ramos, da UBE – Rio 2006). 


No cinema, ganhou o Prêmio Guarani de melhor ator coadjuvante (2013) pela participação em O som ao redor, o de melhor ator coadjuvante por Era uma vez eu, Verônica, no Festival de Cinema de Brasília (2012), e o de melhor ator por Antoninha, nos festivais de Curtas do Vale do Jacuípe (2013) e de Cajazeiras (2015). 


Israel Rêmora recebeu o Prêmio Fernando Chinaglia em 1974. Em 2025, a Editora Sinete publica a 2ª edição do romance.

 

ISRAEL RÊMORA

 

Falido, por conta do investimento perdido no seu primeiro longa-metragem paraibano, Solha se viu longe do sertão, transferido pelo Banco do Brasil para João Pessoa. Diante da necessidade de criar algo, passou a levar para casa folhas de papel que iriam para o lixo da agência bancária na qual trabalhava, e a escrever uma série de versos no avesso delas. Ao ler As Aventuras de Nick Adams, de Hemingway, um livro de contos sobre acontecimentos da juventude do autor, entendeu que poderia produzir excelente literatura a partir de experiências simples. Assim, passou a fazer relatos de momentos marcantes vividos por ele em Pombal, na Paraíba e, eventualmente, deu-se conta de que os poemas abandonados tinham a ver com eles. Começou a fazer uma montagem cinematográfica do livro — literalmente com tesoura e fita adesiva —, de modo que, pela simples posposição de um poema a um relato, os versos passaram, tacitamente, a ser monólogos do protagonista. Foi então que, ao ler O Jogo da Amarelinha, de Cortázar, sentiu que suas “loucuras” eram, na verdade, um romance, e, em homenagem a ele, fez com que Maga, personagem de sua obra-prima, que desaparece de Paris, fosse encontrada por Israel no Sertão.


Antônio Barreto Neto, grande analista de cinema e literatura paraibano, leu os originais deste romance, em 1974, e disse ao autor: “Há um novo concurso literário aí, que, além do prêmio em dinheiro, publica o livro por uma grande editora. Mande o Israel Rêmora. Se ele não ganhar, não acredito mais em concurso nenhum neste país”. W. J. Solha ganhou o prêmio, e seu primeiro romance foi publicado pela Editora Record, em 1975.