EU NÃO SEI FALAR DE AMOR | KLEBER ALBUQUERQUE

poesia

 

O livro será enviado após o encerramento da pré-venda.

 

Apresentação, por Kleber Albuquerque

 

Este livro tem um título enganador. Na verdade, eu não sei falar sobre quase nada, o amor é apenas mais um idioma que não domino. Por isso o espanto quando recebi da minha amiga Carla Dias e do querido Whisner Fraga, esses sim escritores, o convite para publicar este apanhado de letras de música na forma de um livro de poesias. 

 

Os versos aqui contidos não nasceram com a pretensão de serem impressos ou darem conta sozinhos dos significados que sugerem. São, num certo sentido, como os de uma moeda ou de uma folha de papel, apenas uma das partes de um composto feito de palavra e música. Mas me alegrei com o convite pois, além da curiosidade de ver como essas letras se virariam nas páginas de um livro, seria também a oportunidade de botar alguma ordem nos arquivos e revisitar o punhado de canções que tenho feito nesses anos todos. 

 

Havia um tempo em que se discutia se letra de música é poesia. Eu, que desde pequeno me encantava com as músicas sertanejas dos elepês do meu tio Sílvio, achava inadmissível alguém pensar que aqueles versos derramados a duas vozes, falando de amores intensos e estropiados, não fossem poesia da grossa. Um pouco mais tarde, por conta do meu tio Isac, fui conhecer as músicas do Chico Buarque, Belchior, Caetano Veloso e Raul Seixas e aí tive certeza absoluta de que os versos mais bonitos que existiam moravam nas letras das canções. E foi assim, e pela fortuidade de ganhar um violão do meu pai aos onze anos de idade, que comecei a tomar gosto por fazer música. 

 

Como sou muito bom em devaneios, o ato de compor se tornou uma expressão muito natural para mim. É a cartografia que faço de meus espantos. São espasmos do meu pasmo. Mas como estou sempre pensando em novas canções, esta mirada no retrovisor me pareceu um exercício estranho. Foi como revisitar um lugar da memória onde cada canção é um pequeno universo, com personagens ou emoções criadas para viverem apenas ali. Ao garimpar esse punhado de composições, no entanto, optei por selecionar aquelas que achei mais representativas de meu trabalho como letrista. Muitas das minhas parcerias musicais nascem com os versos e melodias misturados aos dos amigos, de modo que muitas vezes não sei bem diferenciar quem escreveu o quê. Por isso, aqui estão apenas aquelas que compus sozinho ou letras que foram musicadas por alguns deles. Há também alguns casos de melodias que foram “letradas” por mim, o que acaba sendo o processo mais desafiador de compor, pois geralmente, contém também o trabalho de traduzir tanto o “nananês” como o “diragundum”, idiomas utilizados pelos compositores parceiros para cantar uma canção que ainda não tem letra.

 

Por isso, agradeço demais a estes queridos companheiros de ofício que fizeram as músicas que acompanham algumas das letras/poesias deste livro. São eles: Dante Ozzetti (Canto para Aldebarã), Bruno Conde (Palavras ao vento), Sérgio Molina (Lugar de fala e Psiu!), Madan (A ópera do rinoceronte), Zeca Baleiro (Batuque e Tevê), Joana Terra (Bemóis), Fred Martins (a inédita Belê e O outro eu), Danilo Moraes (Ponto Final), Thamires Tannous (Desaviso e Xerazade 2.0), Rafael Altério (Logradouro e Xi, de Pirituba a Santo André), Élio Camalle (Dia de estrelas e Isopor), Luiz Gayotto (Supernova), Adolar Marin (Seis horas) e Juliano Holanda (Mais uma de amor). Deixo também meu abraço a todos os parceiros poetas que escrevinham versos para minhas melodias, em especial ao Flávvio Alves, companheiro de tantas canções e jornadas. 

 

Há também, aqui ou lá, uma ou outra canção inédita com a qual me deparei ao revirar os arquivos e achei suficientemente simpática para incluir nestas páginas. A maioria delas, no entanto, é facilmente encontrável em uma busca na internet. Convido, pois, a quem chegar a estas bem traçadas linhas, caso encontre nelas algum traço de poesia, se aventure também a ouvir suas composições, pois a música é o trilho por onde se desencarrilharam estes versos.