Carla Dias nasceu em Santo André (SP). Escritora, baterista e produtora de eventos culturais, autora de oito livros, quatro premiados por editais culturais: Os estranhos, Jardim de Agnes e Estopim (ProAC - Programa de Ação Cultural) e Baseado em palavras não ditas (Edital de Publicação de Livros na Cidade de São Paulo). Participante das antologias Retire aqui a sua história e Esboços e rupturas (Editora Sinete), com autores colaboradores do coletivo Crônica do Dia.

 

Na música, foi diretora de produção das 15 edições do festival Batuka! Brasil. Baterista da banda OsQuatro, com repertório de poemas de sua autoria musicados por artistas convidados, entre eles Vera Figueiredo, Lucina, Kleber Albuquerque e Élio Camalle

 

Site da autora: carladias.com.br

 

PRISÃO, FLORES E LUAR

 

No romance Prisão, flores e luar, uma mulher se tranca em seu apartamento durante um fim de semana, determinada a refletir sobre o seu papel no mundo e a provocar mudanças necessárias na sua história. Os devaneios, guiados pela prosa poética, misturam realidade e ficção durante o processo, levando a personagem a navegar pela urgência em questionar a tudo e a si mesma, usando a solidão infligida como recurso para sua catarse.

 

Por Patrícia Correa

 

Devagar nos sentamos numa sala sem sofá, apenas com tapetes e almofadas. Devagar ainda, deixamo-nos embriagar com água e dançamos ao som de uma caixinha de música, mirando o quadro empoeirado da parede ou nos cegando de tanto olhar fixamente para o lustre. Sorrateiramente, ela nos coloca ali, observando um caso entranhado de amor, sem que abra qualquer possibilidade de interferência. Um amor frenético pela vida em constante flerte com a morte. Quando nos damos conta, estamos diante de uma intimidade escancarada e intocável, como numa tela de cinema. É assim que Carla Dias nos leva sem reservas para o seu labirinto. O apartamento que a abriga testemunha seu diálogo com a solidão e nos enreda em palavras tramadas nos poemas e prosas da sua mais recente obra, Prisão, flores e luar.