Antologia de minicontos
O infinito é mais popular do que sua leitura a partir de um universo limitado por nossas experiências cognitivas e sensoriais. Seja na matemática, na filosofia ou na teologia, para citar algumas áreas nas quais ele se destaca, o infinito não se resume ao que não tem fim.
Há quem carregue pela vida afora as histórias colecionadas por experiência ou testemunho, que, geralmente, têm começo, meio e fim. No entanto, ao serem compartilhadas, ainda que ganhem versões, espalham-se de forma a alcançar duração desconhecida. Uma história desse alcance se estende enquanto houver quem se lembre dela. Talvez até prescinda disso, se consideramos que a existência, em si, já é dotada de inúmeras possibilidades, de forma que a descoberta de algo passa a ser inevitável.
Podemos, considerando esse pensamento, dizer que elas são infinitas ao menos para a geração que a propaga, ou a que, tempo depois, a descobre. Depois disso, a história está no lucro, ou o estão as gerações seguintes que se interessarem por seus inícios, meios e desfechos.
Em Brevemente infinito, a finitude, melhor, a ausência dela, espalha-se por relatos de treze autores que levam o leitor a um passeio pelas diversas paisagens do infinito, para sua continuidade ou interrupção, incluindo as sensações provocadas por fins inesperados ou antecipados. Os breves textos remoem emoções represadas por buscas profundas amparadas pela sagacidade do imediato, e, em alguns casos, refletem a beleza do possível, que tem como ponto de arrebatamento a sensação de que não haverá fim para a intensidade do sentir.
Esta antologia de minicontos reúne diferentes vertentes de pensamentos e reflexões que desaguam na condição de dizer muito em poucas palavras, o que não quer dizer uma rendição a uma receita fácil ou uma escora para uma arte mais palatável. Para não perder a beleza das dores, a crueza da verdade, a singeleza dos apaixonamentos ou a fluência das limitações, Ana Raja, Carlos Roque, Cristiane D’Amorim, José Ronaldo Siqueira, Luiz Cecilio, Mariana Belize, Mário Baggio, Rodrigo Domit, Sebastião Marques Neto, Sergia Alves, Simoni Boettger, Soraya Jordão e Valério Maronni não reduzem o infinito, mas o hospedam, pulsante, na brevidade de suas narrativas.